A detecção de varíola de macacos (mpox) é um tema de crescente importância no campo da saúde pública, principalmente diante do aumento de casos globais nos últimos anos.
Com base nas lições aprendidas durante a pandemia de Covid-19, investir em métodos avançados de diagnóstico, como PCR digital e sequenciamento genômico, é essencial para identificar, bem como conter surtos com rapidez e precisão, reduzindo os riscos de propagação e protegendo as comunidades.
O que aprendemos com a pandemia de Covid-19
A última pandemia, provocada pela Covid-19, demonstrou que os rumos da ciência podem mudar radicalmente em pouco tempo. Isso foi possível graças ao alto potencial de resiliência humana e à dedicação sem precedentes da comunidade médica e científica.
No entanto, apesar dos avanços, uma questão ainda desafia a humanidade: o mundo está realmente preparado para enfrentar uma nova pandemia?
A resposta aponta para a necessidade de adoção de novas medidas e melhorias. O surto atual de mpox, anteriormente chamada de monkeypox ou varíola dos macacos, é um exemplo claro desse desafio.
De acordo com a Agência Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que o Brasil registrou 12 mil casos confirmados entre 2022 e 2024. Somente entre janeiro e setembro de 2024, foram mais de mil casos confirmados ou prováveis, superando o total do ano anterior.
Mpox pode gerar uma nova pandemia?
Embora seja visto como improvável, a possibilidade de uma nova pandemia não pode ser ignorada e/ou descartada por completo. Atualmente, a epidemia está confinada principalmente ao continente africano, mas no contexto da globalização, um caso em qualquer parte do mundo representa um risco de disseminação global.
A comunidade científica concorda que haverá uma nova pandemia. Não se trata mais de “se” isso acontecerá, mas de “quando” e “qual será o agente causador”. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um grupo de países para negociar um tratado internacional sobre pandemias, com o objetivo de proteger o mundo de futuras crises sanitárias.
Como se preparar para novas pandemias?
Vigilância Epidemiológica e Genômica
O investimento em vigilância epidemiológica e genômica é uma das principais estratégias para a preparação frente a futuras pandemias. Essa abordagem permite monitorar agentes causadores de doenças em animais selvagens em locais estratégicos, como florestas tropicais, por exemplo.
Estima-se que existam 1,7 milhão de vírus na vida selvagem, mas apenas 3 mil são conhecidos pela ciência. Isso deixa em aberto uma infinidade de patógenos com potencial pandêmico, como o SARS-CoV-2.
Entre as maiores ameaças estão os vírus zoonóticos, aqueles organismos que conseguem migrar de uma espécie de hospedeiro para outra, ou seja, dos animais para os seres humanos.
Chamado de “spillover”, ou transbordamento, esse processo viral ainda é pouco compreendido pela ciência, mas já tem uma longa história de ocorrências. Exemplos históricos incluem:
- HIV: originado de chimpanzés;
- Ebola: provavelmente transmitido por morcegos.
Quando um patógeno é detectado em animais, o sequenciamento de seu material genético é fundamental. Ele revela a origem, estrutura, potencial de mutação, bem como capacidade de migrar entre espécies.
Esse é um passo crucial na detecção de varíola de macacos e de outros patógenos emergentes.
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O que mais pode ser feito?
A exemplo do que tem sido feito para conter a mpox, as medidas que devem ser adotadas para reprimir novos surtos e potenciais pandemias não devem se limitar à vigilância da doença. É essencial promover:
Acesso a testes diagnósticos
- Expandir o acesso a testes de diagnóstico precisos e acessíveis.
- Garantir a capacidade de diferenciar variantes circulantes.
Controles sanitários ágeis
- Estabelecer protocolos rápidos para contenção de surtos.
Preservação do meio ambiente
- Proteger o habitat de animais e agentes patogênicos para que eles permaneçam restritos ao seu local de origem.
E por fim, mas não menos importante, é necessário que a saúde pública esteja preparada para uma nova pandemia.
Um sistema de saúde robusto e efetivo – incluindo profissionais capacitados, infraestrutura, aquisição de equipamentos e suprimentos – soma investimentos, sim, mas representa a mitigação de impactos quando se avalia a economia de tempo, divisas e preservação da vida humana em médio e longo prazos.
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Soluções tecnológicas para pesquisa e vigilância
O uso de tecnologias avançadas desempenha um papel essencial na pesquisa voltada para a vigilância epidemiológica e a compreensão de patógenos emergentes, como o da mpox.
Essas ferramentas têm sido fundamentais na detecção de varíola de macacos, oferecendo alternativas mais rápidas e precisas para a identificação de casos.
Uma das soluções de destaque é o painel QIAstat-Dx para mpox, que permite a análise sindrômica de múltiplos agentes patogênicos em uma única execução, utilizando protocolos voltados exclusivamente para pesquisa (RUO) e epidemiologia.
Essa tecnologia, integrada ao equipamento QIAstat-Dx, oferece suporte para estudos laboratoriais e contribui para a geração de dados detalhados, auxiliando na investigação de surtos e na formulação de estratégias de contenção.
Outras ferramentas incluem o sequenciamento genômico completo com o QIAseq xHYB MPXV, que possibilita o enriquecimento direcionado de todo o genoma MPXV, incluindo os ITRs (repetições terminais invertidas), mesmo em amostras degradadas ou de baixa concentração.
Além disso, as soluções de PCR digital e quantitativa, como os ensaios prontos para uso de dPCR e qPCR, garantem alta sensibilidade e precisão na detecção de DNA ou RNA viral, permitindo uma pesquisa mais aprofundada sobre o comportamento dos patógenos.
Acesse também: Como os testes sindrômicos podem ajudar no diagnóstico correto e ágil de doenças infecciosas
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Referências
Ministério da Saúde. Mpox: informe-se sobre a doença em fontes oficiais e saiba as ações realizadas pelo Ministério da Saúde até o momento. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-com-ciencia/noticias/2024/agosto/mpox-informe-se-sobre-a-doenca-em-fontes-oficiais-e-saiba-as-acoes-realizadas-pelo-ministerio-da-saude-ate-o-momento (acessado em 09 de dezembro de 2024).
Agência Brasil. Brasil contabiliza 1,5 mil casos de mpox em 2024. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-11/brasil-contabiliza-15-mil-casos-de-mpox-em-2024 (acessado em 09 de dezembro de 2024).
Agência Brasil. Brasil tem média de 40 a 50 novos casos de mpox por mês. https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-08/brasil-tem-media-de-40-50-novos-casos-de-mpox-por-mes (acessado em 09 de dezembro de 2024).